História do Papai Noel....
O Papai Noel é o velhote que toda a gente conhece. Foi criado pela Coca-Cola, numa explosão acidental em que a fórmula secreta que faz este produto transformou o empregado mais próximo em mutante. Esta é a razão pela qual ele consegue distribuir prendas a tanta gente numa só noite. A razão pela qual ele continua a distribuir prendas mesmo já sendo velho é porque não fez um PPR e agora nenhum estado lhe dá a reforma.
Um conto de Natal: Já é Natal na Leader Magazine!
Sempre que o Natal se aproxima, lembranças remotas de meu passado nebuloso e embaçado vêm à tona em minha mente como se fossem um cocô boiando no meu poluído inconsciente. Para mim, o Natal é uma época de paz, fraternidade e depressão aguda. Lembro-me da minha infância pobre e miserável e dos perrengues que nossa família era obrigada a suportar. Enquanto as outras crianças recebiam os seus presentes e se fartavam com as guloseimas da ceia natalina, nós, sentados em tijolos de alvenaria, tínhamos que lamber caixotes de bacalhau para sentir algum gosto de comida. Em seguida, minha irmã nos servia uma sopa rala que só tinha osso. O osso era do meu irmão mais novo, que, padecendo de gangrena, acabou perdendo uma perna na roleta do Cassino da Urca. Até os ratos e as baratas que infestavam o nosso lar não suportavam o miserê lá de casa e saíam em busca de restos de uma família menos pobre.
Tarde da noite, enquanto ouvíamos o alarido das famílias abastadas, a nossa pobre mãezinha chegava exausta do serviço. Apesar de não ser estivadora, mamãe vivia no Cais do Porto sempre com um saco nas costas, exercendo a mais antiga das profissões: mãe de político. Nossa desgraça era tão grande que só nevava em cima da nossa casa, que também não tinha telhado.
Sabíamos que a mamãe estava chegando quando ouvíamos os seus acessos de tosse tuberculosa ainda na esquina. A velha entrou em nossa choupana miserável e, com os olhinhos brilhando de felicidade, tirou um lenço de dentro da bolsa e nos mostrou satisfeita o nosso presente de Natal.
— Crianças! Trouxe um peru para a nossa ceia! — exclamou soluçando a boa criatura. — Foi um peru que sobrou lá do meu serviço.
Em cima da mesa, murcho, flácido e enrugado, vimos o primeiro pedaço de carne que iríamos colocar em nossas bocas famintas depois de tantos anos.
Esfaimados, devoramos aquela churriada iguaria com o mesmo apetite com que traçaríamos a Luana Piovani.
Felizes e de barriga cheia, entoamos cânticos natalinos e fomos dormir na esperança de que o Papai Noel, o Bom Velhinho, deixasse um presente em nossos sapatinhos. Mas, infelizmente, todos os sapatos da casa já tinham sido comidos na Semana Santa.
Na manhã seguinte, acordamos todos passando muito mal: o peru do jantar estava estragado, fora do prazo de validade e cheio de doenças. Estávamos todos nos contorcendo com dores lancinantes quando, de repente, alguém bateu em nossa porta. Era o Bezerra de Menezes, o Espírita de Natal. Ao nos ver naquela situação crítica e lamentável, o médium, penalizado, chamou a carrocinha, que nos levou correndo para o Canil Municipal, onde encontramos abrigo. Foram dias felizes, ao lado daquelas criaturas de quatro patas e cheias de pulgas... Naquela instituição canina, inclusive, minha irmã mais velha conheceu o seu esposo, Ingo, o cão dinamarquês com quem está casada até hoje. Já o meu irmão não teve tanta sorte, coitadinho: virou sabão com quem, aliás, me ensabôo até hoje.
[Arvores de Natal costumam perseguir escada abaixo os que não se comportaram o ano inteiro.]
Fonte: Desciclopédia